março 17, 2010

Café com a montanha


''Era muito maior que tudo o que eu ja tinha visto. Um dia diferente, num lugar diferente e pessoas diferentes. Eu quis guardar tudo a detalhes claros e jamais deixar que aquelas imagens desaparecessem de mim.

Recusei o pão, mas aceitei as frutas, o bolo e a companhia das flores murchas que estavam sobre a mesa, exaustas do calor que fizera na noite anterior. O vento materno da manhã acariciava o passar dos carros pela rodovia, tão contemplativa àquele domingo ainda silencioso na cidade grande. Eram poucos os sons, ora do tilitar dos talheres e copos, ora de hóspedes que começavam a chegar para o café.

Era meu o camarote. Era minha a presença solitária, que aos poucos aquecia-se com o passar das horas e o despertar cada vez mais vívido do sol.

A velha senhora capixaba que me recepcionara à noite já nao parecia mais tão simpática. Me receberaa a elogios àvidos; me despedira com uma expressão séria e atenta aos próprios afazeres. Sua aparência me remetia à lembrança de uma professora, também capixaba, de olhos claros e de uma loirice altiva.

Apaguei as luzes, peguei a mochila e tranquei a porta cor marrom. Disse adeus ao verde montanhês. Adentrei o vinho automóvel e segui até o destino cor de futuro.''