março 16, 2014

Na parede ou no chão

Sim, fiz a maior bagunça na cozinha... a manteiga derramou-se pelo chão e eu agarrei vigorosamente o pote ainda pela metade e joguei na parede. Está tudo sujo, como aquela vida cheia de coisa errada, mas que tanto faz consertar ou não. Eu devo mais uma vez me importar? Devo me dar o trabalho de carregar um peso muito maior que eu sobre as minhas costas para tentar colocar as coisas nos eixos? Hoje não.

Deixei lá. Tudo como está. Sujo e bagunçado. Não me importo mais. Em terra de cego quem tem olho deveria é furar seu próprio olho pra não ter que conviver com a cegueira dos demais que teimam em dizer que o céu tem somente a altura de dois metros e nada mais. Que nada vai mudar... que a vida é só o que é hoje e ficar onde está é ótimo e suficiente.

Ai como me doem as asas por não voar! Ai como me dói tanta coisa que eu não posso dizer... Que hoje eu vou ignorar, deixar como está e me prender somente na esperança das minhas palavras.

Eu não tenho mais o que dizer, mas quero ficar aqui nessa cápsula, meu abrigo por toda a vida.

Eu cumpro todos os meus deveres como pessoa responsável que sou e se encontro um motivo pra sonhar, lá vou eu, com minha letra e meu violão nas costas nessa vida solitária em que todo mundo já está acostumado a viver. Eu rio de algumas coisas.... um riso triste, das coincidências que a vida traz. Vez ou outra penso se estou mesmo dando valor ao que importa. Sei que um dia me importei como o que não devia e aqui estou, me consolando nesta cápsula. Mas ainda existem decisões a tomar, vou ver até onde dá...
Engraçado, "ver até onde dá" já está errado.