fevereiro 23, 2010

Ana

''...aquela droga corrosiva deixara Ana cega a tatear novamente as paredes úmidas do quarto inabitado. Ana escrevia trocando as letras, apesar do seu esforço máximo para cumprir sua tarefa jornalistica diária.

Hà muito tempo ela gritava a si mesma por liberdade e um pouco de amor próprio.

Ana se retirava de suas proprias festas e não queria ceder-se totalmente à emoção sombria da felicidade, não por medo, mas por simples cautela.

Toda cautela fora inútil no momento em que se entregou ao que não devia -ao erro -, e numa dependencia quase lunatica sentia seu corpo e coração inertes, incapazes de moverem-se dali. Este tornara-se seu mundo neuroticamente florido até que de tanta ilusão de desfizesse. Ana estava sóbria a respeito do que vivia, mas profundamente embebecida em si mesma.''

fevereiro 19, 2010

Pe la ma nhã

Eu não vou ceder à vontade alheia. Permaneço até que eu mesma tire a prova real.
Não estou sentada à porta com a perna esticada para que as coisas boas tropecem e não aconteçam.
Eu não sou totalmente certa. Angustiantemente e aos poucos, vou descobrindo para que lado seguir.
Cansei de reflexões existecialistas. Quero parar com isso. Eu não sou um livro de psico-filosofia!
Mas como trazer meus pés ao tátil?
''Hoje de manhã acordei e pisei os pés descalços sobre o chão branco gélido. Por algum motivo bambeei e, para não cair, apoiei-me na cabeceira da cama. Fiquei pensando por qual motivo me senti ainda cansada, mesmo tendo dormido horas o suficiente. Seria um cansaço interno, sentimental, desgasto pela procura/espera ? Fui para o banho e a água quente recobrou a temperatura dos meus pés, roubada pela frieza da cerâmica. Vesti o mesmo uniforme, penteei os cabelos da mesma forma, usei a mesma forma de maquiagem básica. Segui pelo mesmo caminho ladeiroso e muito simples margeado de casas pobres e cães ainda despertando da madrugada. Olhei para o alto daquele predio de dois andares, com os olhos espremidos por causa da claridade do sol e feliz por não ver ninguém lá. Quis comprar uma bebida energética, mas, precisaria enfrentar fila para pagar e por isso segui meu caminho, com a boca sedenta do tal liquido gelado e revigorante. Eu procurei em outros lugares e não o encontrei e mesmo que o encontrasse, assim, dessa forma, ele não teria o mesmo gosto. Cheguei à porta de vidro. Adentrei. E assim começou mais um dia...''

Para o dia de hoje...

Pra eu não esquecer desse dia.

fevereiro 11, 2010

Algo acontece...

O não-olhar-nos-olhos e o silêncio demonstram risco iminente. Os mais novos tem menos resistencia ao poder bélico dos poderosos.

Anexo I

No mundo não existem pessoas perfeitas.
Não existem lugares perfeitos nos quais possamos nos abrigar do pecado original do mundo.
Estamos aqui, à mercê do reflexo dos atos humanos.

Não existem certezas no que se chama vida. Tudo é muito relativo, e o que em minha opinião é absurdo, a outrem é totalmente plausível.

Todos têm seus valores e padrões. Somos dirigidos, orientados e cegamente levados por eles a ponto de renunciar nossa co-humanidade e solidariedade com o outro para apenas imputar a ele culpa.

Julgamentos muitas vezes são desnecessários, ou sempre. Sua forma individual, fruto da sua criação e experiências, a mim não compete dizer que é errada ou que é completamente certa.

O ser humano é completamente relativo e na maioria das vezes volúvel, imprevisível. Muitas vezes já fugi dos meus padrões e não me arrependo. É bom se enxergar assim, as vezes, como um total desconhecido, sem previsão alguma de onde os seus atos vão te levar.

Eu tenho o sonho de ousar. De criar. De voar. De andar com as próprias pernas. De construir minhas colunas e erguer o meu ‘edificio’ de uma forma mais livre, sem amarras, pré-conceitos, sem que a criança e adolescente boba que fui me seja lembrada e imposta a todo momento por aqueles que insistem em tratar-me como se ela eu ainda fosse.

Precisamos nos levar e não apenas nos acompanhar. Quem acompanha é frágil, é passivo, é apenas observador. Não é o agente da história. Melhor é aquele que determina caminhos, desvia dos obstáculos e ainda tem o prazer de chegar primeiro ou pelo menos ser o primeiro a pisar no tapete que fica à porta, onde está escrito: ‘’seja bem-vindo’’ ou ‘’parabéns, você venceu’’.

fevereiro 05, 2010

Reiva


To com raiva de não-sei-o-que por algum motivo idiota.


Comprei um diário nao-sei-pra-que, por algum motivo idiota.


Fiz esse blog nao-sei-porque, por algum motivo idiota.


O tempo passa, me cansa e me arde.


Por algum motivo idiota.


Já podia ser amanha, ou ano que vem


Essa cor lilás também me parece muito idiota.


''Cinco-terços'' de musicas, idiotas.


Melanco-fleugmatismo idiota que me cansa e arde.


Conversa idiota comigo mesma.


Idiota.

Errata

Tudo o que escrevo é um saco. Me entedia.
Quando as luzes se acendem, desaparecem as estrelas...
Eu ouvi algo como ''Shine like the stars...wherever you are''. Isso é muito legal, mas, e se houverem lampadas por todos os lados?
Posso ser como as estrelas, mas corro o risco de ser ofuscada. Mais uma vez o receio até mesmo de brilhar. Receio de ser uma estrela solitária num mundo de lâmpadas fluorescentes.
Qual o valor de ser apenas mais uma?
O sol é uma estrela que ilumina e aquece. O sol paga o preço por ser o maior e o centro do universo. Ele queima e está a uma distancia gigante de todas as outras coisas.
Eu nao quero ser a maior estrela.
Quero brilhar o suficiente para ser uma daquelas estrelas que os apaixonados escolhem para si.
Quero ser uma estrela que sirva de direção para alguém.. talvez para um errante qualquer pelo mundo.
Mas eu posso realmente brilhar? Eu sei fazer isso?
O tal errante vai poder mesmo me tomar como referencia no céu entre tantas outras estrelas, lampadas e faróis?
Eu só preciso saber como brilhar e onde brilhar.

fevereiro 04, 2010

Não conte.

Não conte a ninguém meu segredo eterno
De amar tão certo e tão forte
Que de arder se assemelha à morte
Em sonhar se ilude e não percebe

Não conte a ninguém da letra que leio
Dos cantares que escrevo
Dos murmúrios que penso
Repetições sem graça de poeta
Cansam seus ouvidos, martelam nos meus...

Não conte a ninguém dos detalhes dos dias
De cada pedaço que compõe o tempo
Das formigas encantadas nas paredes
Dos vôos noturnos
Os extremos das emoções
É segredo, é secreto.

Não conte a ninguém sobre como te toco
Como eu chego, como surpreendo
Da forma que te elevo.
Quando tremo ou tremes,
Ou se silencio com a sua respiração
E o ar nos falta...é segredo.

Não conte a ninguém dos meus disparates
As horas que eu paro
E não digo tudo o que pensei
E paro novamente
Dizendo sem o menor pudor
O que não teria coragem de dizer a mais ninguém

Não conte a ninguém da minha bebida
Que me espera na geladeira às sextas
E me acompanha nos filmes que eu não deveria ver,
Segundo o que dizem...

Não conte a ninguém sobre a minha mania
De querer tudo perfeito e a meu tempo
Do meu deboche vil e nem um pouco cristão
Da minha confusão eterna
Que não mais secretamente,
Chega ao fim...

Não conte.

Nionella Bressant