junho 10, 2015

Preparo



Meus olhos apenas despertam todos dias porque a cada dia está mais perto estar mais perto de você.
Eles se olham no espelho, se julgam, prometem nunca mais olhar para os seus olhos, mas no minuto seguinte esquecem as promessas a si mesmos e saem pelas ruas, pelas flores, pelos rostos, à procura de qualquer vestígio seu.

Minhas mãos suam.. ficam geladas. Não sabem o que fazer. Elas apenas tem a certeza de que precisam tocar as suas mais uma vez. Nesse momento, os dedos se agitam, as unhas se empolgam e crescem, e se pintam de vermelho, para evidenciar o seu rubor e chamar tua atenção... Elas querem arranhar-te as costas, o abdômen e as coxas, passeando em seu corpo em arrepios incontroláveis. Elas querem te prender tal corrente inquebrável e logo depois te deixar ir só para que voltes envolvido em saudade.

Minha boca.. que tola! Ela ainda lembra bem do seu gosto. Ela, parece ser a mais empolgada com tudo isto. Qual cor seria melhor para vestir quando for te encontrar novamente? O que deverá dizer? Irá apressar-se em dizer "não", confusa, quando planejou há tanto tempo dizer "sim"? Ela não sabe muito de poesia... não sabe usar as palavras, como o sabe muito bem os dedos... Esta boca não tem nada para oferecer além do seu toque, sutileza, fôlego e de um pouco de "não sei o quê" que deseja te desnortear por um tempo. Por uma hora. Por uma semana. Por um mês. Por um quarto de século que seja.




junho 03, 2015

Praçaria Cotidiana.


As noites continuam quentes. Eu por vezes planejo ir à praça escrever um pouco. Sobre aquela praça eu não consigo dizer muita coisa, mas ela poderia escrever páginas e páginas sobre mim. Cada um de nós tem uma praça em sua vida - eu tenho duas.

Eu quero voltar lá não para viver uma nova história, mas para apenas descobrir e observar a história de outros e ficar ali no canto, silenciosamente documentando tudo o que vejo (quem sabe finalmente um projeto). Serei como ela mesma - a praça que tudo vê, que convive com todo mundo, que dá abrigo aos que só tem um papelão para deitar.

Eu me lembro... um dia eu estava na Praça. Ao meu lado sentou-se um senhor muito humilde que trazia consigo suas roupas velhas e uma marmita nas mãos. Num gesto bastante nobre, perguntou se eu aceitava um pouco de sua refeição e eu, assustada, não aceitei. Na praça havia um garotinho de cabeça quadrada brincando com sua avó todos os dias. Na praça haviam cães lânguidos e pulguentos, á vontade em seu lar. Na praça haviam casais de namorados felizes. Na praça tem muita vida, muita história. Eu quero estar lá.

23/04/2014.