setembro 22, 2010

Excessão

Todo mundo vive.

setembro 08, 2010

Decisão de Clarisse

Falta de ar.
Vontade louca de sair correndo e me agarrar nas tranças do vento da proxima estação.
Minha maior agonia é estar onde me encontro com quem deveras amei e que hoje, ficou como
resto de mais um querer-amar-não-amado.
Fugir.
Todo este terreno, embora longo e largo, não é grande o bastante para caber o vazio que me açoita
o peito todas as vezes que me lembro que ainda sou um ser que sente.
Meus olhos se fecham e olham para o chão repleto de poeira de pedra brita e grama. E eu choro e grito por dentro cada vez que acontece a lembrança, quando acontece a presença, quando dos meus dedos corre uma virgula que teimosamente declara tudo o que as minhas reticencias tentaram com tanta avidez deixar subtendido ou esquecido.
Nao me ocorrem mais virgulas. Me ocorrem refrões e mais refrões repetitivos e cansativos, absortos pelas linhas que vez ou outra ainda expurgo.
Me deixe quieta. Que o mundo fique quieto diante da minha decisão incondicional.

Quase como um enclausuramento declarado, sem medo da solidão que virá e sem medo do silencio externo.
Tenho plena consciencia de que, diante disto, minha alma não se calará e gritará clemente por um pouco de vida ou novidade do mundo. Sei também que quando me olhar no espelho vou angustiarme até os fios d'alma por ter me tornado um ser estático e estacionado em seu sentimento e que a dor será ainda maior quando estiver diante de um ser aprimorado, vivo e corado de paixão e humanidade - o desejo humano de ser humano não me permitirá dormir e jamais me perdoará por vetar-me à vida tangível externa.

Que seja. Não me abalo. Não sou claustrofóbica em mim mesma. Tudo que os olhos não vêem o coração não sente, é o que dizem. Meus olhos não verão meus orgãos e coração tendentes à necrose. Meus olhos não verão a lápide que construirei incansavelmente todos os dias dentro do meu peito para todo amor que tive e terei - visto que precipitaram ao fim. Nada que não tenha resistido à morte pode ser tão bom e ter tanto proveito assim. Que são alguns poucos meses de felicidade diante de seculos e mais seculos de ardor e lacrimação?