novembro 15, 2016

àguas

Que sonho! era eu num navio gigantesco. 
Quando eu me voltava para o lado direito, o mar estava calmo, numa eterna serenidade azul, entediosa, confesso.
Ao olhar para o lado esquerdo, as ondas estavam agitadas, mas ainda eram um azul transparente que me permitia ver animais marinhos de todas as espécies que se moviam como que numa dança ensaiada. A luz do sol refletia na água e multiplicava-se em cores vívidas e eu me debruçava na proa para poder ver tudo isso mais de perto. Tinha cheiro e frescor de vida.
Quando dei por mim, eu já não era eu, mas era um animal marinho. Queria com todas as minhas forças (e precisava por questão de vida ou morte) escolher um dos lados e me atirar. Tive medo por nunca ter me lançado em águas tão profundas, e pensei que seria muito mais fácil me lançar nas águas tranquilas da visão à direita. Mas, por algum motivo não fui. Meu desejo era o lado esquerdo, onde tudo era mais bonito, maior e poderia me fazer sentir viva ao desbravar o desconhecido, sem limites.  
Acordei antes de me decidir e me aventurar nas águas.
Quais sensações me esperariam? 
#pensandosobre


novembro 02, 2016

Dúvida

Quem ainda escreve cartas?

outubro 31, 2016

Eu amei ver vocês!


Hoje eu não tenho uma sensação inédita para contar. Hoje quero compartilhar o quanto me senti feliz em reencontrar amigos após ficar tanto tempo sem ver rostos conhecidos. Nós não combinamos nada, mas nos encontramos ao final do culto no domingo á noite. Que sensação deliciosa! Eles não eram amigos tão próximos assim, talvez apenas conhecidos, mas me senti em casa na presença deles. Saímos para comer alguma coisa e ficamos por horas ali falando sobre o lugar, amenidades, amigos em comum... Foi tão bom que as horas passaram rapidamente e logo já era hora de ir.
Confesso que há tempos tenho muita preguiça de ficar até tarde na rua e passei a valorizar menos a companhia de outros, mas, o que vivi ontem, me fez voltar a enxergar o valor de momentos como este.. de compartilhar, de rir a toa, de conversar com alguém que não seja aquelas mesmas pessoas que tenho convívio diário.
Ah... (isso foi um suspiro de contentamento, com um leve sorriso de canto de boca e o olhar voltado para a esquerda) como está sendo revigorante ter novas sensações.. experiências singulares... dias que estão sendo grandiosos para mim.

outubro 29, 2016

Sensações Inéditas 3. Descobrir uma nova companhia

Outubro, vigésimo nono dia, 2016. Estou no sexto dia de viagem e hoje me surpreendi com minha atitude. Desesperada por companhia, comecei a observar os outros hóspedes enquanto tinham seu breakfast. Como uma predadora, procurei analisar a linguagem corporal de cada um e qual talvez poderia ser minha presa, digo, meu novo amigo.
Encontrei uma mulher, com aparência de no máximo 33 anos, morena.. estava sozinha à mesa, e comia pouco - aparentava estar de dieta pois comia gelatina e por quais cargas dágua alguém comeria gelatina no café da manhã? Estava atenta ao seu celular. Suas expressões eram sérias e tímidas.
Eu observava atentamente e ao mesmo tempo, travava uma batalha interna com minha timidez. Levei ao menos 10 minutos nesse embate até me aproximar da mulher e dizer: bom dia, posso me sentar contigo?
Ana estava aqui há cerca de 2 semanas fazendo um curso para se tornar instrutora de auto escola, e ficaria por mais duas. Como eu poderia imaginar que aquela moça estava com sentimentos gêmeos a mim - solitária e ávida por companhia.
Terminamos o café juntas, fomos dar uma volta no bairro e descobrimos muitas coisas em comum e nos tornamos parceiras de viagem. Ana e eu agora não teremos mais refeições solitárias e agora, poderemos juntas desbravar a cidade desconhecida.


outubro 27, 2016

Sensações Inéditas 2. Sentir falta de rostos conhecidos.


Sempre me achei a pessoa mais desapegada desse mundo. Gosto de estar sozinha. 
Mas, esse tempo longe de casa está me fazendo pensar melhor sobre isso. Este é o meu quarto dia em viagem, sem nenhum parceiro. Conheci algumas pessoas e fomos a alguns lugares mas sem nenhuma conversa profunda ou aquela intimidade gostosa que temos com aqueles que são próximos de nós. Não acho que seja negativa esta experiência, ao contrário, a riqueza de compartilhamento é absurda em momentos como este. 
O que quero dizer é que, mesmo que tantos tenham passado por mim... mesmo que tenha esbarrado em tantos alvoroçados nas ruas da "cidade grande", sinto falta de companhia para o café; Da reunião aos domingos para o almoço (neste não estarei lá); Do caminho do trabalho para casa e do reencontro com os amigos nos ensaios; De ficar à calçada com o Tobias, acarinhando seu pelo. 
Sinto falta da paz e do aconchego de encontrar rostos conhecidos. 
... continua.

outubro 24, 2016

Sensações inéditas 1. Ver acima das nuvens

Voar é uma sensação louca de poder estar acima das nuvens, num poderio absoluto de contornar a natureza terrestre humana, mas ao mesmo tempo, ser totalmente vulnerável. A superfície se afastando aos poucos e o infinito se aproximando suavemente. Apesar de um pouco de ansiedade e mãos suando absurdamente, foi uma sensação deliciosa ver além das nuvens. Mesmo apenas olhando pela janela eu podia me imaginar caminhando por elas, saltitando de uma a outra como nos desenhos animados. Eu podia ver formas diversas (tipo, aquela nuvem parece "isso"), mas se eu pudesse definir... aquelas nuvens eram um oceano gigante e eterno que não me afogava, mas me abraçava suavemente. Por um minuto, senti que eu pertencia àquele lugar. Mas, não... quero as nuvens como mais uma boa lembrança e uma contemplação íntima, que registro mais uma vez aqui.

24/10/2016.

agosto 26, 2016

Dois e Sete.

Eu aprendi
A enxergar mais cores que agonia
O sorriso, que escapa tímido e transborda pela face translúcido
A saciedade de ser feliz com o ser
A liberdade de escolher ir ou ficar
A oportunidade requer movimento
Luxo é excesso
Lembrança não exige presença
Para o frio, um roupão vermelho e felpudo
Dúvidas são gatilhos do aprender
Há amores e amores
Poesia eterniza 
Pessoas são mundos inteiros
Felicidade é escolha.


fevereiro 04, 2016

Estupefata

Vide Título. Foi a única palavra que encontrei para descrever este sentimento a respeito do que eu ouvi hoje. A história não foi minha, foi de terceiros, mas senti que de algum modo era minha também. Um sentimento de pertencimento inexplicável, ou de simples certeza de que fato parecido me ocorreria vindouramente. 

A cada dia temos menos tempo para sentir - as sensações e a vida passam de raspão na pele, como que um tiro que quase acertou. 
É atual, é moda, é "da época" ser o "ser da vida rasa. Passar os dias do trabalho, pra cozinha, pro sofá e cama. Nem o trabalho instiga. Nem a cozinha acolhe. Nem o sofá adorme. Nem a cama esquenta.
Mornamente vamos buscando sentido, tateando paredes, chãos, rostos...
E por quê, estupefatos, seguimos sem mudar o rumo?

Porque eu quero ver até onde vai a estrada entediosa, lisa, retamente desprovidas de curvas que me obrigariam por vezes acelerar e me entregar de alma inteira ao caminho. Por outras vezes reduzir e seguir cautelosamente. Então eu lembro que cada curva me traria a sensação de esquentar o sangue, arregalhar os olhos á espera da próxima surpresa.
Então, manter o percurso é o caminho?





fevereiro 01, 2016

5 minutos

Quero cinco minutos para respirar.
Respirar novos ares de paz e novidade
Novidade que chega de hora em hora, quando a gente não é inerte ao mundo.
Mundo devagar, porque já tive pressa.
Pressa nos passos largos em busca de mais.
Mais perto do fim dos cinco minutos.
Minutos.

janeiro 30, 2016

Inanimado

Querida Cadeira,

Estou aqui para conversar contigo uma conversa nada profunda. Quero apenas falar sobre o dia. Quero falar sobre aquela chuva absurda que caiu hoje. Sobre o sol maravilhoso e o céu azul que coloriram esta tarde de sábado. Sobre esta temporada de verão extremamente outonal - fresca e chuvosa. Sobre o meu cansaço deste mês, que finalmente se encerrou e agora, posso voltar à minha rotina. Sobre os deliciosos biscoitos que comprei na feira. Sobre as moedas que deixei pro flanelinha, mesmo ele não estando lá quando voltei para retirar a moto. Sobre as compras que fiz. Sobre o mau comportamento do meu cachorro. Sobre a festa que não fui hoje. Sobre aquela vontade de comer pizza de calabresa com bastante cebola. Sobre eu ter ligado o computador para estudar, mas estar perdendo tempo com amenidades. Sobre eu querer mudar a cor do cabelo e cortar diferente. Sobre arranjar um jeito de economizar. Sobre a saudade que tenho dos meus amigos. Sobre o filme legal que assisti hoje. Sobre minha falta de paciência com a TV. Sobre negócios. Sobre pintar as unhas da cor "café brasileiro". Sobre lavar as roupas e deixar de molho. Sobre ventilador ligado. Sobre não acertar o preparo de receitas que pego na internet, e já que estamos neste assunto, batata assada no microondas. Sobre amanhã ser domingo.

Dissimulada Dona


Que intempestivo fogo é este que me arde a tez?
Suas palavras trazem uma euforia desmedida e profana
Que me provocam um fingimento inconsequente, aventureiro.
Tal casta moça me faço de desentendida,
Corto suas tentativas ao meio
Já esperando sua teimosia.

Beijo outra face e manuseio carícias noutra pele
Com o ardor profundo de sua presença em cada movimento meu.
Tal loucura jamais deveria ser confessa
Nessa vida que eu vivo bordada pelas linhas da sua.

Convém a mim esta quietude do dia,
Noite quieta e plácida de tranquilidade.
Convém a meu impulso de viver essa chama envolvente
Que me torna louca, dissimulada e quente

Desejo que o destino, ainda que indeciso
Prenda nestas histórias estes corações lado a lado
Talvez meio que intercalados e discretos
Mas perto e de certo,
Serão réus eternamente confessos.