julho 02, 2015

Remédio Ruim


Noite estranha. Sono estranho.
Eu rolei tanto na cama que nem sei quantas centenas de metros percorri.
Profundamente desperta em pensamentos e reflexões.
Demorei longas horas para finalmente conseguir adormecer mas, ainda que adormecida, foram tantos sonhos desconexos confusos, pesados, estranhos. Daí eu despertava novamente e recomeçava o caminho.

Eu finalmente havia me dado conta do que acontecera. Mais uma vez, aquele pedaço de mim bordado em cores e estrelas foi brutalmente arrancado, recortado, dilacerado. Mas, apesar do choque - que me tirava o sono, confundia as pernas e deixava em carne viva, exposta - eu não sentia dor por mim. Eu apenas me preocupava com a coração dele. De que maneira estaria sua vida agora... seu coração... sua realidade... seu futuro?

Pela primeira vez, desses três desencontros, eu pensei verdadeiramente em algo além do meu próprio umbigo, afinal, em minha vida ainda está tudo no mesmo lugar. Mas, e a dele? Naquela última conversa eu fiquei tão sem palavras, sem voz... não consegui dizer nem um terço do precisava dizer e perguntar. Me dói estar novamente distante. Se eu pudesse ser sei lá.. a caneta que ele usa no trabalho..ou o pinguim de sua geladeira... o jarro de flores no aparador ou aquela peça da moto só pra não sair da vida dele mais uma vez... Só pra estar perto e contornar seu raro mau humor com qualquer tirada toscamente engraçada.

Teimosias à parte, esta é a nossa vida de agora. Espero que seja feliz. Que tenha sorte e faça sua sorte. Que contornemos a saudade dia após dia. Já temos experiência nisso, não?