outubro 18, 2010

Distração I

Eu caminho distraidamente pela rua. Eu me distraio com a paisagem do percurso até o ponto de chegada. Entrego-me aos detalhes das formas, desenhos, palavras, cores e do movimento do próprio mundo. Muitas vezes, por focar detalhes, eu perco o todo. Nada mais natural que deixar passar um amigo ou conhecido sem vê-lo. Hoje eu deixei passar quem não devia deixar apenas passar. Não me cairiam os olhos se eu apenas olhasse para a esquerda e não para aquela vitrine, mas eu o fiz por pura experiência – cientificidades inúteis para quem está desistindo de fugir das pessoas. Eu me distraio sem pensar que exista o homem mau ao redor, digo, o mal do homem. Tudo é paisagem de gente que vive como gente vive, nos seus atropelos diários, correrias de trabalho e fome de comer pastel engordurado.

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