junho 10, 2015

Preparo



Meus olhos apenas despertam todos dias porque a cada dia está mais perto estar mais perto de você.
Eles se olham no espelho, se julgam, prometem nunca mais olhar para os seus olhos, mas no minuto seguinte esquecem as promessas a si mesmos e saem pelas ruas, pelas flores, pelos rostos, à procura de qualquer vestígio seu.

Minhas mãos suam.. ficam geladas. Não sabem o que fazer. Elas apenas tem a certeza de que precisam tocar as suas mais uma vez. Nesse momento, os dedos se agitam, as unhas se empolgam e crescem, e se pintam de vermelho, para evidenciar o seu rubor e chamar tua atenção... Elas querem arranhar-te as costas, o abdômen e as coxas, passeando em seu corpo em arrepios incontroláveis. Elas querem te prender tal corrente inquebrável e logo depois te deixar ir só para que voltes envolvido em saudade.

Minha boca.. que tola! Ela ainda lembra bem do seu gosto. Ela, parece ser a mais empolgada com tudo isto. Qual cor seria melhor para vestir quando for te encontrar novamente? O que deverá dizer? Irá apressar-se em dizer "não", confusa, quando planejou há tanto tempo dizer "sim"? Ela não sabe muito de poesia... não sabe usar as palavras, como o sabe muito bem os dedos... Esta boca não tem nada para oferecer além do seu toque, sutileza, fôlego e de um pouco de "não sei o quê" que deseja te desnortear por um tempo. Por uma hora. Por uma semana. Por um mês. Por um quarto de século que seja.




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