novembro 16, 2015

ANOS 2000


Produza. Faça. Crie. Monetize. Lucre.
Confesso que estas palavras tem me atormentado nos últimos tempos. Esse conceito de que não podemos ficar parados esperando a vida acontecer diante dos nossos olhos, que precisamos crescer e ser bem sucedidos a qualquer custo está sufocando esta geração.

Sou daquelas que busca os melhores resultados, a melhor performance... extremamente competitiva comigo mesma - sim, quero me ultrapassar dia após dia. Sou daquelas que, como tantos atualmente têm sido atingidos por sintomas psicossomáticos: de dores no corpo inexplicáveis, mal estar digestivo constante, explosões emocionais por motivos bobos, falta de concentração e foco. Sou daquelas que, por sorte, coincidência ou ajuda divina, conseguiu sair de férias para tentar colocar a cabeça no lugar e se acalmar.

Daí, no auge do "fazer vários nadas", vamos para as redes sociais, ok? Ok.
Curta. Poste uma foto mais legal que a do seu amigo. Seja cool. Entre nas modinhas. Compre. Venda.
Confesso que tanta pressão tem me atormentado nos últimos tempos. Mas o que fazer se a previsão é de que tudo se torne virtual e tudo seja alcançado a um "touch". Não haverá mais mundo real, é o que dizem. Então eu preciso construir a minha persona neste mundo, correto? São anúncios por todo lado, não consigo saber nem para onde olhar. Nem a rede social é somente social.. é comercial também.

Certo, vamos ver TV. Não, não vamos mais. Por que se eu for colar a testa na telinha, sei que vou ser bombardeada com tanta desgraça, que aos poucos ver este tipo de coisa se tornará corriqueiro, e vou me acostumar com toda essa sangria.

Os amigos? Sim, estão no Whatsapp, ali, disponíveis na maior parte do tempo. Geralmente, quando não estão ali, estão ocupados demais com suas vidas ou fingindo que estão, pra não precisar perder tempo com ninguém, afinal... Deixa eu cuidar da minha vida que eu ganho mais.

Sei que o que descrevi, não acontece com todo mundo. Só quis ser um pouco dramática ou caricata com o mundo em que vivemos hoje. Todo esse drama é por um minuto de paz. É pra poder colocar na minha própria cabeça que preciso não precisar ser nada de vez em quando. Pra me tornar consciente de que não é tentando prever todas as possibilidades e variáveis que vou ser mais ou menos "bem aventurada" na vida.

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