fevereiro 04, 2010

Não conte.

Não conte a ninguém meu segredo eterno
De amar tão certo e tão forte
Que de arder se assemelha à morte
Em sonhar se ilude e não percebe

Não conte a ninguém da letra que leio
Dos cantares que escrevo
Dos murmúrios que penso
Repetições sem graça de poeta
Cansam seus ouvidos, martelam nos meus...

Não conte a ninguém dos detalhes dos dias
De cada pedaço que compõe o tempo
Das formigas encantadas nas paredes
Dos vôos noturnos
Os extremos das emoções
É segredo, é secreto.

Não conte a ninguém sobre como te toco
Como eu chego, como surpreendo
Da forma que te elevo.
Quando tremo ou tremes,
Ou se silencio com a sua respiração
E o ar nos falta...é segredo.

Não conte a ninguém dos meus disparates
As horas que eu paro
E não digo tudo o que pensei
E paro novamente
Dizendo sem o menor pudor
O que não teria coragem de dizer a mais ninguém

Não conte a ninguém da minha bebida
Que me espera na geladeira às sextas
E me acompanha nos filmes que eu não deveria ver,
Segundo o que dizem...

Não conte a ninguém sobre a minha mania
De querer tudo perfeito e a meu tempo
Do meu deboche vil e nem um pouco cristão
Da minha confusão eterna
Que não mais secretamente,
Chega ao fim...

Não conte.

Nionella Bressant

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