dezembro 01, 2009

O bebado e a Desequilibrista (desequilibrada)

Um bebado senta ao meu lado. Uma frase com seu ponto final. Eis aqui mais um ponto final bem onde deveria estar.
Um bebado resmunga ao meu lado. Por que ele exige respeito haja vista nao estar em seu estado são perante a sociedade?
Porque ele é humano. Bebado ou nao, louco ou nao, limpo ou nao, ele é gente, como todos aqueles que vejo passar por aqui. Ele está assim, e isso parece fazer toda a diferença, mas não faz.
Quantos de nós, embriagados por nossas subjetividades fazemos 'louquices' pelas ruas, na esperança de apenas ser visto como normal, no direito de manifestar a embriaguez da euforia ou da tristeza.
O bebado fala comigo. Ele é gente, tem familia, mora em outra cidade. E eis a escolha: acreditar ou nao? Nem posso fazer isso. Ele puxa conversa mas eu, atemorizada ou meio que vendo-o como gente, respondo fria e educadamente.
Um olhar rubro, com tons de cansaço, descrença e uma confusão angustiante.
Noto sua inquietude e me sinto incomodada com as perguntas que se estendem. Omito muitas coisas, minto sobre outras e é assim que tem que ser.
Ele é gente, mas gente perturba, gente passa dos limites, gente desrespeita. E gente mata.
Gente passa por aqui e se pergunta: o que aquela garota ainda faz ali esse tempo todo?
Porque eu, Elaine, tenho uma canção, e também adoro ler as pessoas e as coisas.
Porque poderia ficar aqui a vida toda e ainda ter algo novo pra escrever....Porque eu, Elaine, sinto com as palavras e meu tato, paladar e sentidos outros são manifestos verbais.
Todo o verbo é vida, é esperança, é a possibilidade de conjugar.

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